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Valverde recorda primeiro treino no Real Madrid: "Vi cuecas da Gucci e pensei, "espero que as minhas não tenham buracos""

Iniciado por Admin, Novembro 15, 2023, 01:00:03

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Fede Valverde contou a história da sua vida, em mais um fantástico testemunho na plataforma "The Players Tribune". O médio uruguaio recordou a sua chegada ao Real Madrid em 2016, quando tinha 18 anos.

O choque foi enorme quando percebeu a vida de luxo que os jovens da sua idade já levavam no clube espanhol.

"Começaram todos a ir para o duche e foi aí que vi roupa interior da Gucci. Cuecas da Gucci, caraças! Quando é que inventaram isso? Quanto é que custa algo assim? Eu só pensei: 'Espero que as minhas não tenham buracos, espero que a minha mãe tenha controlado isso quando os lavou'. Fiquei sentado 20 minutos a fingir que estava a ver algo de importante no telemóvel. A única coisa que queria era perder tempo. Começaram a olhar-me com caras de 'Tudo bem, irmão? Passa-se alguma coisa?' Nunca me senti tão pequeno", recordou.

No testemunho, o médio uruguaio contou como foi a sua dura infância no Uruguai.

"O meu pai trabalhava como segurança num casino. A minha mãe trabalhava numa loja de roupa e também vendia roupa e brinquedos nas feiras de rua. Ainda consigo ouvir o barulho das rodinhas quando ela empurrava um carrinho enorme cheio de caixas. Parecia um carrinho que só o Hulk conseguia mover, mas ela ia lá e movia-o sozinha, coitada. Uma verdadeira guerreira. Fosse qual fosse o calor, o frio, a chuva ou a trovoada, ela ia chegar à feira com aquele carrinho", começou por contar.

"Às vezes eu ia com ela e sentava-me em cima de um caixote, a olhar para os carros, sem reparar no sacrifício dela. O pior é que, no fim do dia, a minha mãe tinha de dobrar toda a roupa, arrumar tudo outra vez e empurrar o carrinho de volta para casa. E depois cozinhar! E lavar as minhas meias sujas! Conseguem imaginar? Estou a dizer-vos, a minha mãe é o meu ídolo. O que ela às vezes sacrificava para que eu pudesse ter a minha lata de Coca-Cola, nem sei... E nem sei se quero saber. Em criança, somos muito inocentes. Vemos a nossa mãe a saltar uma refeição e talvez pensemos: 'Uau, ela não tem fome? Que estranho, eu estou a morrer de fome'", contou.

O futebol viria a mudar a sua vida, para melhor e para pior. Agora com 25 anos, Valverde contou que quando fez o seu primeiro jogo pelo Peñarol, aos 16 anos, passou a comportar-se de uma forma que não devia.

"Quando me tornei profissional no Penarol, aos 16 anos, pensei que era Deus. Não sei se as pessoas conseguem perceber o que significa passar de um zé-ninguém para alguém que anda na rua do seu bairro e de repente os adultos vêm ter contigo, porque querem uma fotografia. Recebemos mensagens de raparigas que nem sequer olhavam para nós na semana anterior. Toda a gente quer ser tua amiga. Lembro-me de o meu pai me dizer: 'Porque é que já não vês aquele rapaz? O que se passa contigo? Este é o teu amigo desde que brincavam juntos na rua! Vai para ali'. Mas eu tinha-me perdido e tinha substituído muitos amigos por outros, como muitos jovens jogadores. Não é que eu estivesse a fazer algo de errado, mas era mal-educado. Lembro-me de ver os miúdos à espera de um autógrafo meu e eu a hesitar: "Ufff.... Paro ou vou diretamente para casa? Hoje estou muito cansado'", lembrou.